terça-feira, 25 de agosto de 2009

Único beijo.



As ondas gélidas e fortes me derrubavam, molhavam-me da cabeça aos pés. A água fria não me doía mais que saber que seus lábios, no entanto meus, tocaram lábios alheios durante segundos que pareceram eternidade, uma pequena eternidade. O amor se escondeu, preferível era a morte a perder-te, preferível era a escuridão, a saber, que teus beijos já não eram só meus.
Mais uma fria onda se quebrou na praia. O vento se misturava com minha solidão e provocava um ruído escutado apenas por meu coração. Ruído ensurdecedor era esse. Tentava gritar, mas a voz me falhava. Fazia apelos à Deus, mas este parecia querer me ensinar a amar através da dor. Planos nossos eram carregados para as profundezas marinhas. Observava o mar, cheio de vida, entrava vorazmente e sem medo de sua fúria invernal. Teria mais uma vida em si, tal vida seria a minha.
Já não podia mais tocar o chão. Sentia frio e desespero, mas nenhum medo. Revivi momentos nossos. Lembra-se dos passeios à luz da lua? Nosso amor jamais acabaria. E cá estou levando-me à morte. Sentia meus olhos ardendo, a água entrando-me nos pulmões. Deixei-me embalar pelo vai-e-vem da morte. Um único beijo foi e destruiu duas vidas. Adeus, meu amor.

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